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O Sindifisco Nacional –
juntamente com outras cinco entidades representativas de autoridades
tributárias em nível federal, estadual e municipal – elaborou um pacote de
proposições emergenciais no campo tributário, como contribuição técnica para a
superação da perversa crise econômica e fiscal gerada pela pandemia de
Covid-19.
Saiba mais sobre o assunto abaixo:
São
medidas de desoneração para os setores mais fortemente afetados pela crise e de
imposição tributária para os segmentos econômicos cujas atividades são mantidas
ou até mesmo incrementadas nesse período.
As medidas fazem parte de um documento intitulado “10 Propostas Tributárias
Emergenciais para o Enfrentamento da Crise Provocada pela Covid-19”, que
será encaminhado ao presidente da República e ao Congresso Nacional. Além do
Sindifisco, assinam a nota a Anfip, a Febrafite, a Fenafim, a Fenafisco e a
Unafisco Nacional.
As
entidades signatárias são unânimes em afirmar que o Estado brasileiro tem pela
frente o desafio de conciliar um aumento da demanda da sociedade por serviços
com uma repentina queda da atividade econômica, o que não será remediado pelas
iniciativas já adotadas no campo financeiro e monetário. Portanto, a superação
desse cenário exigiria, também, respostas emergenciais no campo tributário.
Foi
nesse sentido que as seis entidades identificaram os segmentos econômicos e os
grupos de contribuintes que podem neste contexto de excepcionalidade dar uma
contribuição adicional para atenuar as necessidades da população, com vistas à
reativação da economia, num curto e médio prazo, com ganhos para todos os
agentes econômicos no longo prazo.
Entre
as medidas sugeridas, estão a instituição do Imposto sobre Grandes Fortunas
(IGF) – que pelo princípio da anterioridade só poderia ser cobrado a partir de
2021 – e o Empréstimo Compulsório sobre a mesma base, que entraria em vigor já
em 2020. O Empréstimo Compulsório é uma modalidade tributária prevista na
Constituição Federal que consiste na tomada compulsória de dinheiro, pelo
Estado, a uma base definida de contribuintes, a título de
“empréstimo”, que deve ser devolvido em prazo estabelecido por lei.
A ideia
seria, em ambos os casos, garantir a incidência de alíquotas progressivas de
até 3%, com objetivo de alcançar uma alíquota efetiva de 2,5%, sobre
patrimônios líquidos superiores a R$ 20 milhões. Só com essa medida, que
alcançaria cerca de 0,1% dos contribuintes do Imposto de Renda, a estimativa de
arrecadação varia entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões ao ano.
Outra
proposta é instituir Contribuição Social, em caráter temporário, com alíquota
de 20%, sobre as receitas financeiras de todos e quaisquer fundos, incluindo o
Tesouro Direto. Ficariam isentos os contribuintes pessoas físicas com
rendimento anual em 2019, tributável ou não, de até cinco vezes o limite de
isenção anual do IRPF. A estimativa de arrecadação com essa medida é de cerca
de R$ 60 bilhões anuais.
As
entidades também sugerem a isenção total de tributos, até abril de 2021, para
micro e pequenas empresas optantes do Simples Nacional, com faturamento anual
de até R$ 1,2 milhão, nos meses em que o faturamento apresentar decréscimo de
pelo menos 20% em relação a igual período do ano anterior. Em troca, as
empresas serão obrigadas a manter os empregos formais. A sugestão é um
contraponto à decisão do Comitê Gestor do Simples Nacional, que determinou a
suspensão dos tributos por seis meses sem nenhuma contrapartida.
Para as
instituições financeiras, a proposta é de acréscimo temporário de 15% na
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e de 4% na Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Juntas, as duas medidas
corresponderiam a uma arrecadação estimada de R$ 38 bilhões.
Mesmo
com o foco nos problemas do momento, as entidades pontuam que as medidas
emergenciais não são excludentes de ações estruturais no campo tributário –
também urgentes e fundamentais – para gerar o equilíbrio das contas públicas e
garantir um sistema tributário mais justo, mais progressivo, menos focado no
consumo e mais baseado na renda e no patrimônio.
Fonacate – Outra
contribuição para ajudar o país a construir alternativas para superar a atual
crise veio do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado
(Fonacate) – entidade da qual o Sindifisco faz parte. O Fonacate elaborou
um documento com propostas
emergenciais que, além de tangenciar questões de âmbito fiscal, trata
de temas como o reforço do orçamento para a saúde, a sustentação da renda de
famílias e trabalhadores mais vulneráveis, o reforço do sistema de proteção
social, a suspensão temporária de multas e juros em casos de atraso no pagamento
de aluguéis, escolas, planos de saúde e serviços de utilidade pública, a
proteção do emprego e da renda dos trabalhadores e, igualmente, sobre a
necessidade de regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas.